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Círculo do Graal

“Pensamentos são como sementes deitadas ao solo”

Círculo do Graal

“Pensamentos são como sementes deitadas ao solo”

Sab | 01.08.15

Doce Lar

 

São aos milhares os entrelaçamentos em que as criaturas humanas se enredam com aparente bem-estar. Somente aquelas que sentem em si a lei de Deus do movimento espiritual, e se esforçam para o despertar, intuem as ligações de modo extremamente doloroso, porque estas ferem apenas quando aquele, que se acha assim enredado, tenta libertar-se delas.

E, todavia, esse libertar-se é a única coisa que pode trazer salvação da queda no sono da morte espiritual!

Hoje decerto não compreendereis estas minhas palavras em toda a sua incisiva verdade, porque a humanidade amarrou-se nisso demasiadamente e mal pode ainda ter uma possibilidade de livre visão disso, ou uma compreensão total para tanto.

Por essa razão os laços serão agora cortados pela Justiça de Deus, destruídos, mesmo que tenha de ser muito doloroso para as criaturas humanas, tormentoso, se de outra maneira não for possível. Somente depois do cortar e da queda dos laços e das amarras sereis capazes de compreender direito as minhas palavras, num horroroso retrospeto a respeito de vosso errado pensar de até agora!

Não obstante, quero destacar da multiplicidade de alguns pequenos exemplos, que talvez possam dar-vos uma ideia.

 

Olhai, pois, junto comigo para a atual vida humana:

Está certo se as crianças são conduzidas através de sua infância fielmente protegidas e guardadas, se para a juventude em crescimento é dada, através de correspondente instrução, a ferramenta para os caminhos através da vida terrena.

Contudo, depois deve restar para cada ser humano individual a possibilidade, e até ser dada, de progredir por si próprio, desde o começo! Não deve, desde o início, tudo ser-lhe tornado comodo!

No tornar comodo ou facilitar, está o maior perigo como incentivo para a preguiça espiritual! E isso sempre aconteceu até agora no bem-intencionado conceito de família.

Já é veneno para um ser humano se, quando criança, é educado na crença de que tem direito à posse dos bens terrenos que os pais adquiriram.

Eu agora falo dos danos do ponto de vista puramente espiritual, que é o essencial em todas as atividades de um ser humano. Inclusive no futuro deve ficar sempre consciente disso, se ele e as suas relações ambientais devam realmente ser sanadas.

 

Contudo, também do ponto de vista terreno uma transformação nisso mudaria muita coisa imediatamente e eliminaria muitos males. Admitamos, por exemplo, que uma criança, legalmente até uma bem determinada idade, apenas tivesse direito de usufruir a proteção e os cuidados dos pais, com uma correspondente instrução; depois, porém, dependeria somente da livre vontade dos pais, como quisessem dispor de suas posses pessoais.

Quão diferentes se tornariam tais crianças, só por causa disso! Muito mais esforço próprio resultaria daí, muito mais seriedade para a vida terrena, muito mais aplicação. E, não por último, resultaria também mais amor para com os pais, o qual não poderia permanecer tão unilateral como tantas vezes hoje se apresenta.

Os sacrifícios dos pais amorosos recebem também com isso um valor muito mais elevado, visto que então ocorrem de facto somente por amor espontâneo, ao passo que tais sacrifícios, hoje, frequentemente nem são valorizados pelos filhos; pelo contrário, apenas aguardados e exigidos como algo muito natural, sem que sejam capazes de provocar verdadeira alegria.

A alteração nisso, sem mais nem menos, já contribuiria para conseguir pessoas mais valiosas, com maior autoconsciência, de espirito mais forte e com aumentada energia.

Mas também crimes seriam evitados frequentemente, se não existisse direito algum de posse em fortuna pessoal de outrem.

 

Para os filhos seria mais apropriado conquistar o amor de seus pais, em vez de se prevalecerem da filiação e também de seus direitos, filiação essa que de qualquer forma tem um sentido completamente diferente do que hoje é suposto, uma vez que os filhos devem ser gratos por seus pais lhes terem dado o ensejo da encarnação terrena, mesmo que aí os resgates e os benefícios sejam mútuos, como se dá em todos os efeitos das leis de Deus.

Na realidade esses filhos são, pois, todos eles, espíritos estranhos aos seus pais, personalidades autónomas, que apenas devido à sua igual espécie ou qualquer ligação anterior puderam ser atraídos para a encarnação.

Os pais terrenos oferecem proteção e ajuda para o tempo que o espirito necessita, a fim de conduzir de maneira plena e auto responsável o seu novo corpo terreno; depois, porém, o ser humano terreno tem de ficar absolutamente independente, do contrário jamais conseguirá fortalecer-se como seria útil para ele, no grande vibrar das leis de Deus. Ele deve lutar e ter obstáculos para, vencendo-os, subir espiritualmente, rumo às alturas.

 

Uma alteração na ideia de até agora do direito de um filho nas posses dos pais teria, porém, muito mais efeitos ainda do que os já mencionados, pressuposto que direções governamentais construtivas se enquadrem correspondentemente em sua atuação para o povo e, abrindo caminho, ajudem tanto aos pais como aos filhos nesse sentido.

Também o conceito de aquisição de cada um, com isso, tem de se desenvolver de modo diferente. Hoje muitas pessoas procuram aumentar sempre mais as suas posses, só para proporcionar aos filhos uma vida mais fácil, deixando-as para eles como herança. Todo o pensar é orientado só nesse sentido e se torna o motivo de acúmulo egoístico de bens terrenos.

Mesmo que isso não viesse cair totalmente, visto que este ou aquele, apesar de tudo, ainda escolheria esse sentido como base de toda a sua atividade de vida, haveria assim também muitos outros que dariam às suas atividades terrenas um alvo mais elevado e mais amplo para bênção de muitos.

 

Então cairiam os calculados matrimónios imorais, bem como a fraude da triste caça aos dotes. Tantos males cairão assim por si mesmo e algo salutar ocupará os seus lugares; honestidade de sentimento intuitivo sobressairá, e os matrimónios tornar-se-ão legítimos! De antemão se chegará a um casamento com muito mais seriedade.

Para a juventude adolescente deve ser oferecido o ensejo de não apenas poder, mas ter de desenvolver as suas forças espirituais, a fim de adquirir o necessário para a sua vida! Unicamente isso seria o certo, pois então, mas também somente então, ela progrediria, porque teria de movimentar-se espiritualmente.

Ao invés disso, porém, para tantos filhos exatamente esse caminho, para eles necessário à salubridade espiritual, é demasiadamente facilitado pelos pais ou outros membros da família, e lhes é tornado tão cómodo quanto possível. A isso, então, se chama conceito de família e amor ou, também, dever familiar.

 

Não quero enumerar os danos que através disso surgem, mesmo com a melhor boa vontade, pois inclusive cada ser humano bom necessita, aqui e acolá, para fortalecimento, impulsos exteriores e obrigações. Voluntariamente, apenas raras vezes se colocaria numa situação onde fosse obrigado a se esforçar para aplicar todas as forças espirituais, a fim de se tornar senhor da situação e resolvê-la favoravelmente. Na maioria dos casos, se tivesse uma escolha, optaria pelo caminho mais cómodo, a fim de ter tudo facilmente, o que, porém, espiritualmente, não lhe traz proveito algum.

O autorrespeito, a confiança em si próprio, porém, aumentará, se com esforço e dedicação ele mesmo se realizar terrenamente, e se tudo isso for uma consequência de seu trabalho.

Avaliará então muito mais acertadamente as posses, dará valor ao trabalho e também a cada mínima alegria; valorizará também, correspondentemente, cada favor de outrem, e poderá se alegrar muito mais vivazmente do que uma pessoa, à qual muito é lançado no regaço sem o mínimo esforço próprio e que somente procura preencher o tempo com distrações.

 

Para uma acertada capacidade de progredir, deve-se procurar proporcionar os meios, se realmente se deseja ajudar. Não deve simplesmente dar a alguém, sem determinadas obrigações, aqueles frutos que um outro conseguiu com seus esforços.

Naturalmente, os pais sempre podem dar tudo de presente aos seus filhos, se quiserem, ou podem por falso amor sacrificar-lhes a finalidade e o tempo de toda a sua vida terrena, podem tornar-se seus escravos, pois nisso lhes fica o livre-arbítrio, mas uma vez que nenhuma lei terrena aí os obriga a algo, terão de arcar, na reciprocidade da Vontade de Deus, com a plena responsabilidade disso, completamente sós, pela sua própria negligência na Criação e, em parte também, pelo dano espiritual que assim atinge os filhos.

Os seres humanos não se encontram aqui na Terra em primeiro lugar para os filhos, mas sim para si mesmos, a fim de que eles possam amadurecer espiritualmente e se fortalecer. Por falso amor, porém, isto não foi mais observado. Apenas os animais ainda vivem aí dentro da lei!

 

Examinai, pois, severamente os costumes familiares:

Duas pessoas querem se unir em matrimónio, querem construir um lar próprio, a fim de, juntas caminharem através da existência terrena e, para essa finalidade, estabelecem o noivado.

O noivado é, portanto, o primeiro passo para o matrimónio. Ele representa o mútuo compromisso de união, para que, baseado naquele compromisso, possa iniciar-se o sério preparo do lar.

Um noivado nada mais é do que a base terrena para a formação de um novo lar e o início para a aquisição de tudo aquilo que é necessário para isso terrenamente.

Aí, porém, logo começam novamente falsos hábitos.

Na realidade, esse noivado se refere, pois, exclusivamente àquelas duas pessoas que, conjuntamente querem constituir um lar. Que as famílias ou os pais compartilhem na aquisição de tudo aquilo que é necessário terrenamente para isso é uma coisa totalmente à parte, que deveria permanecer puramente externa, a fim de estar certo. Podem presentear, se quiserem, ou podem auxiliar de alguma forma. Isso tudo permanece coisa externa e não liga, não forma nenhum fio de destino.

 

Mas o noivado devia ser também incondicionalmente o último, o mais extremo limite de toda e qualquer ligação familiar. Assim como um fruto maduro cai da árvore, se a árvore e o fruto querem cumprir a finalidade da existência, sem se prejudicar mutuamente, assim um ser humano, depois do seu amadurecimento, tem de se separar da família, dos pais, pois também estes têm, como ele mesmo, ainda incumbências próprias!

As famílias, porém, consideram isso de modo diferente, até mesmo o último momento, que é quando duas pessoas se encontram e se comprometem. Mui frequentemente se arrogam aí direitos aparentes, que nem sequer possuem.

Tão-só pela força de Deus lhes é dado cada filho, que, aliás, desejaram, pois do contrário não poderiam tê-lo recebido. É somente realização de um desejo, que se manifesta pela união íntima de duas pessoas!

 

Não têm direito algum ao filho, o qual lhes é apenas emprestado; nunca, porém, lhes pertence! Também lhes é tirado, sem que possam retê-lo ou sem que sejam antes consultados a esse respeito! Daí veem, pois, bem nitidamente, que não lhes são outorgados direitos sobre isso pela Luz, a origem de toda a vida.

Que até à época da maturidade também assumam obrigações é completamente natural e uma compensação pela realização de seu desejo, pois não teriam recebido filho algum, se não tivessem provocado a oportunidade para isso, o que equivale a um pedido nas leis primordiais desta Criação. E em troca dessas obrigações eles têm como compensação alegria, se cumprirem direito esses deveres.

Depois da época da maturidade, porém, têm de deixar cada pessoa seguir os próprios caminhos, os quais não são os seus.

 

Nos noivados e matrimónios as duas pessoas, de qualquer forma, separam-se das famílias, a fim de, elas mesmas se unirem em um lar próprio. Ao invés disso, porém, ambas as famílias julgam que através desse noivado e matrimónio também foram ligadas conjuntamente, como se fizessem parte, apesar de que, observado de modo bem objetivo, esse nem é o caso e já a ideia causa estranheza.

Um noivado de duas pessoas não traz para uma família, ampliando seu círculo, uma filha e, à outra, um filho; pelo contrário, ambas as pessoas, individualmente, unem-se completamente sós, sem ter a intenção de cada uma carregar consigo a sua respetiva família.

Se as pessoas adivinhassem de que modo nocivo essas estranhas opiniões e hábitos têm de se efetivar, talvez por si mesmas deixassem isso; não sabem, porém, quanta desgraça é assim causada.

 

Os falsos hábitos não se processam sem ligações na parte fina da matéria grosseira. Fios se entrelaçam dessa forma em torno do casal em vias de constituir um lar próprio, e esses fios estorvam, enredam e com o tempo dão cada vez mais nós, provocando, frequentemente, coisas desagradáveis, para cuja origem as pessoas não encontram explicação, não obstante elas mesmas terem dado a causa para tanto, com seus hábitos frequentemente ridículos e importunos, aos quais sempre falta a verdadeira e profunda seriedade.

Pode ser dito, sem exagero, que falta sempre, pois quem compreende realmente a seriedade da união de duas pessoas, seriedade com relação ao noivado e ao matrimónio, esse afastará para longe de si os usuais hábitos familiares, preferindo, em vez disso, horas serenas de íntima introspeção, que, com muito mais certeza, conduzem a um feliz convívio, do que todos os maus costumes exteriores, pois de bom costume isso não pode ser denominado.

 

Após o noivado, quando as condições o permitem e seja possível, é montado ao casal um lar que, de antemão, nada mais deixa a desejar, que, portanto, já desde o início tem de excluir, ou pelo menos por muito tempo, uma ascensão alegre, pois pensaram em tudo, e nada mais falta.

Fica assim tirada ao casal qualquer possibilidade de participar na decoração do seu lar com dedicação e afinco, mediante a aquisição própria, de se alegrar com o facto de que juntos se esforçam, como uma das metas terrenas, para um lento aperfeiçoamento do próprio lar, a fim de então, com orgulho e amor, dar valor a cada uma das peças individuais adquiridas, nas quais se ligam recordações de tantas palavras carinhosas, de tantos esforços e lutas, que, com alegria, venceram corajosamente, ombro a ombro e, também, de tanta felicidade cheia de paz!

De antemão já se tira a alegria de tantos e só se tem em vista tornar tudo tão cómodo quanto possível. As duas pessoas, porém, permanecerão nesse lar sempre estranhas, enquanto não tenham aí objetos que elas próprias puderam adquirir.

 

Não preciso falar sobre isso muito mais, pois vós próprios com o tempo reconhecereis o errado e, antes de tudo, também o nocivo disso, tanto espiritual como terrenamente, quer queirais quer não, pois também nisso, finalmente, tudo tem de se tornar novo e certo, assim como está suficientemente claro nas leis de Deus.

Dai às pessoas e aos jovens casais a possibilidade de um progresso ascensional próprio, unicamente isso lhes causará alegria duradoura, visto lhes aumentar o autorrespeito e também a autoconfiança, despertando com isso o sentimento intuitivo de autorresponsabilidade, e assim agis certo! Dessa forma dais mais do que quando lhes quereis tirar todas as preocupações da vida ou quando procurais facilitar-lhes tanto quando possível, com o que apenas podeis enfraquece-los, impedindo-os do indispensável fortalecimento.

 

Com isso vos tornais inimigos deles; não, porém, os verdadeiros amigos que quereis ser. Com demasiados favores e facilidades roubais deles mais do que hoje, com as minhas palavras, talvez possais supor.

Muitas criaturas humanas serão dolorosamente atingidas por isso, porém arranco-as desse modo da vala comum, à medida que as liberto do falso e nocivo conceito de família, paralisador do espírito, que por intermédio de suposições totalmente erradas pouco a pouco se formou.

Também nisso, finalmente, tudo tem de se tornar novo, pois focos de perturbações de tais espécies serão impossíveis nesta Criação, após a purificação.

 

Abdruschin

 

Dissertação, “Doce lar”, da obra “Na Luz da Verdade – Mensagem do Graal”, volume III.

 

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