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Círculo do Graal

“Pensamentos são como sementes deitadas ao solo”

Círculo do Graal

“Pensamentos são como sementes deitadas ao solo”

Sab | 14.12.13

Bens terrenos

 

Com muita frequência se levanta a questão de saber se o ser humano deve se separar dos bens terrenos ou desprezá-los, no seu esforço para proveitos espirituais.

Seria tolice estabelecer tal princípio! Quando se diz que as criaturas humanas não devem se prender a bens terrenos logo que se esforçam na direção do reino celeste, não se diz com isso que devam dar de presente ou jogar fora bens terrenos, para viver na pobreza. O ser humano pode e deve usufruir alegremente aquilo que Deus lhe torna acessível através de Sua Criação.

O “não dever se prender” a bens terrenos significa apenas que um ser humano não deve deixar-se arrebatar a tal ponto, de considerar o amontoamento de bens terrenos como finalidade máxima de sua vida terrena, de se “prender”, portanto, através disso predominantemente a esse pensamento.

 

Acabaria semelhante atitude por desviá-lo de modo totalmente natural de alvos mais elevados. Não teria mais tempo disponível para tal e penderia realmente com todas as fibras de seu ser apenas nessa única finalidade de aglomerar posses terrenas. Seja, pois, por causa dos próprios bens, ou por causa de prazeres que a posse possibilita ou, também, por causa de outras finalidades, não importa, no fundo permaneceria sempre o mesmo resultado. Com isso o ser humano pende e ata-se ao puramente terrenal, pelo que perde ele a visão para o alto e não pode mais subir.

Esta conceção falsa de que os bens terrenos são inconvenientes para o progresso espiritual provocou, na maioria dos seres humanos, o conceito absurdo de que todos os empreendimentos espirituais nada podem ter em comum com bens terrenos, se é que eles devam ser tomados a sério. É esquisito que a humanidade nunca ficasse ciente do dano que deste modo atraiu para si.

Com isso desvalorizam em si próprios os dons espirituais, isto é, os mais elevados que lhes podem ser outorgados, pois em virtude de todas as aspirações espirituais de até agora, devido a esta estranha conceituação, terem que depender de sacrifícios e doações, semelhante aos mendigos, assim se imiscuiu com isso, de modo impercetível, em relação às aspirações espirituais, a mesma atitude que se manifesta em relação aos mendigos. Razão porque essas nunca puderam obter aquele apreço que, aliás, em primeiro lugar merecem.

 

Essas aspirações tiveram, porém, pela mesma razão, que trazer em si de antemão o germe da morte, porque nunca puderam firmar-se nos próprios pés, mas sempre permanecer dependentes da boa vontade das criaturas humanas. Justamente para proteger e defender perante a humanidade aquilo que de mais sagrado possui, isto é, o espiritual, aquele que se esforça sinceramente não deve desprezar bens terrenos! Devem servir-lhe agora predominantemente como escudo no mundo de matéria grosseira, a fim de poder rechaçar igual com igual.

Viria a ser uma situação insana, se na época de materialistas os que se esforçam por progredir espiritualmente quisessem desdenhar a arma mais forte dos adversários inescrupulosos! Isso seria uma leviandade, que poderia vingar pesadamente.

Por isso, vós, fiéis legítimos, não menosprezeis bens terrenos, que também só puderam ser criados pela Vontade de Deus a quem procurais honrar! Contudo, não vos deixeis adormecer pelo conforto que a posse de bens terrenos pode originar, mas usai-os de modo sadio.

 

O mesmo se dá com os dons especiais de tais forças que servem para curar diversas doenças ou com capacitações semelhantes, ricas em bênçãos. Da maneira mais ingénua, ou, digamos mais acertadamente, da maneira mais inescrupulosa, pressupõem as criaturas humanas que essas capacitações lhes são postas gratuitamente à disposição, já que por sua vez foram outorgadas das esferas espirituais, como dádivas extraordinárias, para serem postas em prática. Chega a tal ponto, que certas pessoas esperam uma especial manifestação de alegria quando “condescendem” em aceitar auxílios desse teor por ocasião de grandes aflições. Tais pessoas deviam ser excluídas de todo auxílio, mesmo se fosse o único que ainda lhes pudesse auxiliar!

As pessoas assim dotadas, porém, deviam elas próprias, antes de tudo, aprender a dar apreço mais alto a esta sua dádiva de Deus, para que as pérolas não sejam sempre de novo atiradas aos porcos. Para uma assistência eficiente necessitam de muito mais forças físicas e de matéria fina, bem como de tempo, do que um advogado para sua melhor oração de defesa, ou um médico por ocasião de muitas visitas aos doentes, ou um pintor para a composição de um quadro. A pessoa alguma ocorreria a ideia de pretender de um advogado, de um médico ou de um pintor, um trabalho gratuito, embora uma boa capacitação seja também apenas uma “dádiva de Deus”, como qualquer outro dom, nada mais. Jogai fora, finalmente, essas roupas de mendigos e apresentai-vos com os trajes que mereceis.

 

Abdruschin

                        

Dissertação, “Bens terrenos”, da obra “Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal”, volume II