E Mil Anos são como um Dia!
Salmos 90
“ Senhor, tu tens sido o nosso refúgio de geração em geração. Antes que os montes nascessem, ou que tu formasses a terra e o mundo, mesmo de eternidade a eternidade, tu és Deus. Porque mil anos são aos teus olhos como o dia de ontem que passou, e como a vigília da noite. “
Quem das criaturas humanas já compreendeu o sentido destas palavras, em que igreja é interpretada direito? Em muitos casos é considerado apenas como um conceito de vida ausente de tempo. Todavia, na Criação nada existe ausente de tempo e nada ausente de espaço. Já o conceito da palavra Criação há de contradizer isso; pois, o que é criado, é uma obra e cada obra tem uma limitação. Mas o que tem limitação não é ausente de espaço. E, aquilo que não é ausente de espaço não pode ser também ausente de tempo. Há variados mundos que formam a morada de espíritos humanos, segundo sua maturidade espiritual. Esses mundos são de densidade maior ou menor, mais próximos ou mais afastados do Paraíso. Quanto mais afastados, tanto mais densos e com isso mais pesados. O conceito de tempo e de espaço restringe-se com a crescente densidade, com a mais firme compactação da matéria, com a maior distância do reino espiritual.
A variação de conceito de tempo e de espaço se origina da faculdade de assimilação de maior ou menor maleabilidade vivencial pelo cérebro humano, que por sua vez está ajustado ao grau de densidade do respectivo ambiente, portanto, da espécie daquela parte do Universo em que o corpo se encontrar. Sucede assim que devemos falar da diferença dos conceitos referente a espaço e tempo, nas diversas partes do Universo. Existem, porém, partes do Universo que se acham muito mais próximas do Paraíso, do que aquela a que pertence a Terra. Essas mais próximas são de outra espécie de matéria, mais leve e menos compacta. Consequências disso são a possibilidade mais ampla de um vivenciar com plena consciência. Aqui o chamamos de um vivenciar lucidamente consciente. As matérias de outra espécie pertencem à matéria grosseira de consistência mais fina, bem como a parte de consistência grosseira da matéria fina e, ainda, a matéria fina absoluta, ao passo que nos encontramos, atualmente, no mundo da matéria grosseira absoluta. Quanto mais refinada for a matéria, tanto mais permeável também é. Mas, quanto mais permeável for uma matéria, tanto mais amplo e mais extenso será o campo da possibilidade de vivenciar conscientemente para o espírito humano que se encontra no corpo, ou chamemo-la de possibilidade de impressão.
O espírito humano que habita num corpo mais grosseiro e mais denso, dispondo de um cérebro correspondentemente mais denso como estação intermediária dos fenómenos exteriores é, de modo natural, mais firmemente isolado ou circumurado do que em uma matéria mais penetrável, menos densificada. Por conseguinte, numa mais densa pode perceber em si apenas acontecimentos até um limite mais restrito, ou se deixar impressionar por eles. Quanto menos densa for uma espécie de matéria tanto mais leve ela é naturalmente, deve com isso outrossim se achar mais alta e será igualmente, mais transluzente e assim ela mesma mais luminosa também. Quanto mais perto se achar do Paraíso em decorrência de sua leveza, tanto mais clara e radioluzente será outrossim por esse motivo, por deixar passar as irradiações provenientes do Paraíso. Quanto mais um espírito humano recebe a possibilidade de um sentir vivo, devido a um ambiente mais leve, menos denso, tanto mais capaz será de vivenciar em si, de modo que no decorrer de um dia terreno, em seu ambiente, poderá assimilar muito mais vivências do que uma criatura humana terrena com seu cérebro denso, em seu ambiente mais pesado e portanto mais firmemente compactado. Conforme a espécie da permeabilidade, portanto, conforme a espécie mais leve e mais luminosa do ambiente, um espírito humano consegue no decorrer de um dia terreno vivenciar tanto como num ano terreno, devido à assimilação mais fácil e no próprio reino espiritual, no decorrer de um dia terreno tanto como em mil anos terrenos!
Eis porque está dito: “Acolá mil anos são como um dia”. Portanto, na riqueza do vivenciar, cujo aumento se orienta segundo o amadurecimento crescente do espírito humano. O ser humano pode imaginar isto melhor, pensando em seus sonhos! Aí consegue, frequentemente, sentir de modo intuitivo, uma vida humana inteira num único minuto de tempo terreno, vivenciar realmente no espírito! Vivencia aí coisas as mais alegres, bem como as mais dolorosas, ri e chora, vivencia seu envelhecer e, no entretanto, gastou aí apenas o tempo de um único minuto. Na própria vida terrena necessitaria, para esse mesmo vivenciar, de muitos decénios, porque o tempo e o espaço do vivenciar terreno são limitados de modo demasiado restrito progredindo assim cada degrau por si de modo mais lento. E como o ser humano na Terra somente em sonho pode vivenciar tão rapidamente, porque as algemas do cérebro foram aí tiradas parcialmente do espírito pelo sono, encontrando-se assim nas partes mais luminosas do Universo, como espírito não mais algemado tão fortemente e, mais tarde, completamente livre, sempre nesse vivenciar activo e rápido. Para o vivenciar real de mil anos terrenos não precisará mais tempo do que um dia!
Abdruschin
Dissertação, E Mil Anos são como Um Dia! da obra “Mensagem do Graal”, Na Luz da Verdade, II volume.