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Círculo do Graal

“Pensamentos são como sementes deitadas ao solo”

Círculo do Graal

“Pensamentos são como sementes deitadas ao solo”

Sab | 07.05.11

A Luta na Natureza

Tolos, vós que sempre de novo perguntais se é certa a luta na Criação, vós que a considerais apenas como crueldade; não sabeis que com isso vos designais como fracalhões, como nocivos para qualquer possibilidade de ascensão atual? Despertai finalmente dessa moleza inaudita, que só deixa afundar lentamente o corpo e o espírito, jamais, porém, elevarem-se! Olhai em redor de vós, vendo, reconhecendo, e tereis que abençoar a grande força impulsionadora que impele para a luta e, com isso, para a defesa, a cautela, a vigilância e a vida! Ela protege a criatura do envolvimento pela indolência mortífera! Acaso poderá um artista atingir um ponto culminante e mantê-lo, se não se exercitar constantemente, lutando para tanto? Não importa com o que se ocupar, quão fortes as capacitações que possua. A voz de um cantor logo se enfraqueceria, perdendo sua firmeza, se não puder obrigar-se a exercitar e aprender sempre de novo. Um braço só se pode robustecer quando se exercita continuamente. Negligenciando nisso, terá que enfraquecer. E assim também cada corpo, cada espírito! Voluntariamente, porém, pessoa alguma se deixa levar a isso. Alguma obrigação deve prevalecer! Se queres ser sadio, então cuida de teu corpo e de teu espírito. Quer dizer, mantém-nos em rigorosa atividade!

Aquilo que o ser humano hoje e desde sempre tem na conta de “cuidar” não é o certo. Ou entende com”cuidar” um doce ócio, no qual, por si só, já se encontra o que é enfraquecedor, entorpecedor, ou pratica o “cuidar” apenas de modo unilateral, como em cada desporto, isto é, o cuidar torna-se “desporto”, excesso unilateral e com isso transforma-se em abuso leviano, ambicioso, indigno para a humanidade séria. Verdadeira humanidade deve, pois, ter diante dos olhos o alvo máximo, que não se pode alcançar com salto em altura, natação, corridas, equitação e dirigir insensatamente. A humanidade e a Criação inteira não lucram coisa alguma com semelhantes façanhas individuais, para as quais tantas pessoas sacrificam, mui frequentemente, a maior parte de seus pensamentos, de seu tempo e de sua vida terrena! Que tais excrescências pudessem se formar, mostra como é falso o caminho que a humanidade segue e como também tem desviado essa grande força impulsionadora na Criação só para trilhas erradas, malbaratando-a assim em brincadeiras fúteis, senão até em prejuízo, obstruindo o progresso sadio para o qual todos os meios se encontram na Criação. Em sua presunção humana torcem de tal modo o curso das fortes torrentes do espírito que devem beneficiar o impulso ascendente, que em lugar do benefício desejado, surgem estagnações que atuam como obstáculos, os quais, retroativamente, aumentam o impulso para a luta e, por fim, rebentando, arrastam tudo consigo para as profundezas.

É com isso que o ser humano, hoje, se ocupa predominantemente em suas vazias brincadeiras e fúteis ambições aparentemente científicas. Como perturbador em toda a harmonia da Criação! Já há muito teria caído no sono indolente da ociosidade, ao qual deve seguir a podridão, se não existisse ainda na Criação, felizmente, o impulso para a luta, que o obriga, mesmo assim, a se mexer! Do contrário já há muito tempo teria chegado à arrogância de que Deus deve cuidar dele através de Sua Criação, como nos sonhos do país da utopia. E se para tanto expressa seu agradecimento numa oração vazia, seu Deus então está altamente recompensado, pois existem muitos que nem Lhe agradecem por isso! Assim é o ser humano, e de facto nada diferente. Ele fala da crueldade da natureza! Não lhe ocorre a ideia, antes de tudo, de se examinar uma vez a si próprio. Só quer sempre criticar. Mesmo na luta entre os animais só existe bênçãos, nenhuma crueldade. Basta que se observe bem qualquer animal. Tomemos por exemplo o cão. Quanto mais atenciosamente for tratado tal cão, tanto mais comodista se tornará, mais preguiçoso. Se um cão vive na sala de trabalho de seu dono e este atenta, cuidadosamente, para que o animal jamais seja pisado, ou apenas empurrado, mesmo que se deite em lugares onde constantemente esteja em perigo de poder ser machucado sem intenção, como junto à porta etc., isso redunda apenas em prejuízo do animal. Em bem pouco tempo o cão perderá sua própria vigilância. Pessoas de “bom coração” dizem, atenuando “afetivamente”, talvez até comovidas, que com isso ele mostra uma “confiança” indizível! Sabe que ninguém o machucará! Na realidade, porém, nada mais é do que uma grave diminuição da capacidade de “vigilância”, um acentuado retrocesso da atividade anímica. Se, no entanto, um animal tem de estar em constante vigilância e em prontidão de defesa ele não somente se torna e permanece animicamente alerta, mas progredirá continuamente em inteligência, lucrando de toda a maneira. Permanecerá vivo em todos os sentidos. E isso é progresso! Assim se dá em relação a cada criatura! Do contrário sucumbe, pois também o corpo enfraquece nesse caso pouco a pouco, tornando-se mais facilmente acessível às doenças, não tendo mais capacidade alguma para resistir.

(…)

Abdruschin

 

Excerto da Dissertação, A Luta na Natureza, da obra “Mensagem do Graal” Na Luz da verdade, volume II.